A criança é vista como “o símbolo da possibilidade de melhoria das condições sociais, de um futuro promissor Devido à essa expectativa, percebe-se que as crianças são estimuladas a se engajar em um grande número de atividades escolares, curriculares ou extracurriculares que tem a função de prepará-las para o futuro.
Assim, as crianças passam cada vez mais tempo realizando atividades coordenadas por profissionais que tem, por sua vez, a função de apresentar o mundo a elas e aparelha-las com o maior número de atributos e habilidades possíveis para interagir com este mundo. Cabe mencionar também que o aumento da exigência do mercado de trabalho, que demanda uma mão-de-obra especializada, interfere diretamente na preocupação dos adultos em preparar e encaminhar as crianças rumo a optar por uma carreira de sucesso cada vez mais cedo, justificando-se a inscrição das crianças no maior número de cursos preparatórios e de desenvolvimento/aperfeiçoamento de habilidades cognitivas e intelectuais possível, em seu tempo disponível.
Dessa forma, a criança deixa de brincar, pois simplesmente não tem tempo. A ausência da brincadeira pode acarretar dificuldades na formação de vínculos, já que não se permite que se crie um ambiente propício para a expressão do mundo interno, das fantasias e para a resolução de problemas. Assim, a criança não desenvolve a confiança em si mesma e nos outros.
De que adianta, então, o desenvolvimento de habilidades cognitivas e intelectuais se os aspectos afetivo-emocionais foram deixados de lado? Estaremos diante de um profissional capacitado tecnicamente, porém com dificuldades em se relacionar com pessoas e na criação de vínculos.
Portanto, pode-se concluir que a formação intelectual é importante, porém não deve ser a única preocupação dos pais; eles devem se preocupar também com o lado afetivo e o brincar é excelente para essa formação.